30/01/2008

FÓRUM SOCIAL MUNDIAL NO RJ

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Pela primeira vez, o Fórum Social Mundial aconteceu em várias cidades do Brasil, simultaneamente. Por isso, lá fui eu, toda animada com a programação variada, na expectativa de conhecer iniciativas diferentes e trocar idéias com pessoas que fazem parte de uma “corrente do bem”.

Os debates agendados na programação, na verdade, eram uma tribuna aberta para as instituições participantes darem o seu recado. Lá podia se conhecer desde experiências significativas, como a do Bairro-Escola - uma iniciativa da Prefeitura de Nova Iguaçu./ RJ (veja uma notícia publicada s/ este projeto em http://www.institutopnbe.org.br/website/artigo.asp?cod=1856&idi=1&moe=76&id=4192) - até representantes do bloco do “Eu sozinho contra o mundo” tentando angariar a atenção dos passantes.

Como os debates não eram bem o que eu havia imaginado, parti rumo aos shows de hip hop. Grupos de várias comunidades mandavam ver em letras espertas e profundamente antenadas com o dia a dia destes lugares e da cidade do Rio em geral. Um deles, que me chamou mais atenção, usou como gancho para uma de suas rimas a frase “Os alienados não vieram”.

Foi a primeira vez que vi uma apresentação de rappers e realmente prestei atenção às letras. São “repentes” modernos, com improvisos de talento, dando conta da vida que levam, que observam, com críticas ácidas e contundentes sobre a sociedade, às vezes ditos de forma crua, outras de forma poética, quando não se revelam verdadeiras crônicas cariocas.

Dos inúmeros grupos artísticos que lá se apresentaram, um empolgou a platéia pelo entusiasmo com que mostrou o seu trabalho: a Orquestra de Berimbaus, da Ação Comunitária, que mistura a tradição afro e MPB. A moça que cantava, juro por Deus, era a reencarnação da Clara Nunes quando jovem! (rss)

Cumprida a agenda cultural, resolvi conferir a programação menos recreativa, e mais...digamos...informativa do evento.

E foi nesta conferida que descobri, por exemplo, que existe um Observatório da Lei Maria da Penha.Você não sabe o que é a Lei Maria da Penha? Se você conhece alguém que bate na mulher, na mãe, na filha, enfim, em uma mulher, informe-se aqui.

O Observatório é coordenado pela Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher, da Universidade Federal da Bahia, com participação, no Rio, do NEPP-DH , da UFRJ.

Ainda na área de Direitos Humanos descobri o “Falun Dafa”, uma prática milenar que lembra o tai chi chuan, exercitada por cerca de 100 milhões de chineses (isso mesmo...100 milhões, equivalente à quase a totalidade da população brasileira). Por isso mesmo, ela foi proibida pelo governo chinês, e quem a pratica é considerado criminoso, correndo o risco de parar em campos de trabalho forçado e, acreditem ou não, ter seus órgãos extraídos para transplantes.

Para tentar impedir que pessoas que seguem os princípios do Falun Dafa - que são a Verdade, a Compaixão e a Tolerância - vejam suas vidas virarem de ponta a cabeça do dia pra noite, estavam sendo solicitada aos visitantes a sua adesão a um abaixo-assinado – o qual prontamente levou minha assinatura – em prol do Revezamento da Tocha dos Direitos Humanos, uma campanha internacional que busca trazer um fim a todos os abusos contra os direitos humanos na China. Até as Olimpíadas de Pequim, a passagem da Tocha promoverá eventos em 37 países, levando a mensagem “Os jogos olímpicos e os crimes contra a humanidade não podem co-existir”.

Eis o site onde vocês podem saber mais sobre o Falun Dafa: http://www.falundafa.pro.br

Outro abaixo-assinado para o qual eu contribuí foi o que pede a inserção da homeopatia no SUS. Ele pode ser acessado através de http://www.semelhante.org.br/10_abaixoassinado_01_principal.asp.

Este Fórum Social me permitiu conhecer pessoas apaixonadas pelo seu trabalho, como o Amendoim, agente comunitário da Ong Viramundo , figura simpaticíssima que, me vendo distraída entre os estandes, me jogou logo um “Oi, tudo bem?” e foi entabulando uma conversa gostosa, me contando do seu trabalho de educação preventiva na área de saúde.

Tive a oportunidade de conhecer, também, as meninas do grupo “Formigas da Fé” (foferj@gmail.com / tel: (021) 3158-6352), que fazem bolsas incríveis (e baratas! Rss) com restos de banners de publicidade.

Outras agradáveis descobertas me aguardavam neste Fórum, como a da Rede Ecológica, que vende produtos orgânicos ABAIXO DO PREÇO DE MERCADO - a sua proposta deles tem como foco relações justas e éticas; ou os REMÉDIOS PRODUZIDOS PELO PESSOAL DO MST (sim, você leu direito: MST!), baseados nas doenças mais comuns nos assentamentos, tais como hipertensão, enxaqueca, etc. Para maiores informações, os telefones da Secretaria Estadual do MST no Rio são 2532-3409 e 2532-3544.

Momento especialmente divertido: o desfile das artesãs que compunham a Tenda de trocas e o momento de troca propriamente dito, onde aconteceu o intercâmbio de mercadorias de todos os artesãos.

Outra tenda bastante freqüentada era a gastronômica, onde se podia adquirir frutas, legumes e verduras proveniente da agricultura familiar e pães, salgados e doces feitos com restos de alimentos.

Já era quase quatro horas da tarde e eu ainda não tinha almoçado. A minha escolha recaiu, então, num belo bolinho de carne, seguido de biscoitos de cenoura. Sei que talvez a mistura possa não ter combinado, mas tratei de levar pra casa pães de calabresa e de banana. Me arrependi de não ter trazido os favos de mel puro. Mas trouxe o livrinho de receitas da Casa de Cultura, da Baixada Fluminense. E, se alguém quiser, posso mandar a receita da Torta de Repolho da Valdenice, uma das que constam no livreto (rssss).

Enfim, acima de tudo, creio que o Fórum é uma oportunidade muito bacana de...conhecer “gente que faz”, “gente que se preocupa”, “gente que pensa um mundo melhor”. Só isso já valeu a visita.

Até o ano que vem!