18/07/2008

TAMBÉM SOMOS CULPADOS?


Nós sabemos que brasileiros não têm mesmo o hábito de cobrar, de responder pesquisa de satisfação ao consumidor e de fazer seus direitos serem respeitados como um simples exercício de cidadania.

Algumas vezes quando essa cobrança não representa sair da zona de conforto ou mesmo a elaborar antes um pensamento crítico e partir para ações mais efetivas, até fazemos alguma coisa, mas, normalmente, ficamos meio inertes, paralisados mesmo.

Cada um com suas razões. Mas não partimos pra ação, não é? Bate aquele sentimento de “não adianta nada reclamar”.

Se algo não vai bem na turminha da escola do filho, lá vai a mãe zelosa para a porta da escola “comentar” com os outros pais. Tudo bem: a insatisfação tem que tomar fôlego em algum lugar. O que não funciona é ficar só ali, na porta da escola, porque se a direção não souber de nossa insatisfação nada vai mudar e o desabafo inicial de porta de escola vira a chamada fofoca, e essa não serve pra mudança.

No domingo, passava pela portaria do prédio onde moro às 8 horas da manhã pra comprar pão e dei de cara com restos de biscoito ainda no chão - resto da festinha de criança da noite anterior. Meu primeiro pensamento foi “Pôxa...não limparam isso ainda?!" Claro que não, ainda eram 8 horas e a faxina estava só no início. Calma, moça, deixa pra reclamar na hora certa!!!!

A mesma impaciência temos quando ligamos para algum lugar e nossa chamada não é imediatamente atendida...ainda mais se for para um prestador de serviço. Imagina esperar por alguém que se atrasou - seja lá quem for, onde quer que seja -, não podemos. Estamos sempre com muita pressa de fazer tudo à nossa volta funcionar ou, quem sabe, fazer parecer que funciona. Para isso não medimos esforços.

Mas e a verdadeira capacidade de nos indignarmos? Ou seja, de reclamar nossos direitos à vera, por onde anda? Quando vamos transformar nossa energia do desabafo em energia construtiva e sermos mais atuantes como sociedade?

Esse post vem da indignação e do querer fazer parte de alguma coisa que não sei bem o que seria, mas sei o que não quero mais que seja:

1- Não quero mais ver passeatas de protestos na rua quando uma criança é assassinada ora pela incompetência do poder público, ora pela audácia e emponderamento absoluto dos bandidos de verdade

2- Não quero mais saber de tarjas negras nas janelas quando MAIS uma barbárie acontecer em nossa cidade

3- Não me interessa a comoção imediata que parece ficar adormecida ESPERANDO até a próxima tragédia urbana

O que acontece com essa sociedade que, ao mesmo tempo em que se mostra tão solidária na dor, através de ações pontuais como o recolhimento de assinaturas e organizações de protestos, a doação de órgãos em meio a dor da perda de um ente querido brutalmente assassinado, não consegue ser mais efetiva em suas propostas e ações para demostrar seu descontentamento?

Mais 4 anos se passaram e estamos as vésperas de uma nova eleição. Em outubro escolheremos novos prefeitos e vereadores. Não seria essa a nossa hora, o momento de mostrar, afinal, quem “paga” literalmente a conta?

Que não estamos mais dispostos “apenas” à PROTESTAR, mas, sim, EXIGIR nossos direitos básicos como, por exemplo, o direito à VIDA e ao direito de ir e vir?

Será que não poderíamos ser mais contundentes e, ao invés de dizer BASTA, dar um BASTA?

Confesso que eu também não sei bem como fazer isso, mas pretendo realmente me empenhar em descobrir porque essa reação habitual está muito morna para o nível de urgência em que nos encontramos.

Não podemos mais nos acomodar no papel de críticos e cobrar apenas com o dedo apontado, como se estivéssemos na porta da escola reclamando do professor que falou mais alto com nossa criança.

É preciso assumir a nossa parte nesse latifúndio, o governo sozinho é incapaz de efetivar essas mudanças. É preciso que façamos a nossa parte de maneira mais pró-ativa, afinal, somos todos responsáveis pelas mudanças.

Que tal começar por mudar quem senta nas cadeiras das muitas instâncias do poder público, com salários pagos pelo suor nosso de cada dia, de onde deveriam sair decisões práticas e úteis?

Não disse nada de novo porque não há nada que ainda não tenha sido dito, mas há uma coisa que ainda não sabemos fazer muito bem, mas, nunca é tarde pra fazer melhor: VOTAR!

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