Eduardo R. Gomes *
Possivelmente tenha passado desapercebido, mas há pouco tempo atrás uma montadora lançou um carro econômico! Lançou e anunciou a economia no gasto de combustível como uma de suas van-ta-gens!!! Para o consumidor e para a sociedade!!! Não soa estranho??? Não me lembro de a “economia de combustível” ter sido valorizada pela indústria aqui instalada como uma das qualidades dos carros desde a crise do petróleo dos anos 70!
Surpreendentemente, trata-se de uma inovação de um modelo já bastante antigo – e sempre exaltado como o mais barato do Brasil. De qualquer forma, trata-se de uma atitude louvável porque, diferentemente da imagem da imagem mais disseminada do automóvel no Brasil pelo setor, hoje se sabe que economia de combustível significa melhor qualidade de vida, sob os mais diversos aspectos – e independentemente de termos mais ou menos petróleo, mais ou menos “fontes alternativas” baratas, etc.
Este parece ter sido o caso: o “sucesso” do etanol parece ter calado qualquer debate sobre o impacto ambiental dos automóveis. Mesmo em país onde morrem, em média, cem pessoas por dia em acidentes de trânsito, onde nossa maior cidade tem congestionamentos de
Vivendo até os dias de hoje de protecionismo, a indústria automobilística instituiu o carro como símbolo de ascensão social e de liberdade individual irrestrita nos seus cinqüenta anos de existência no Brasil. Esta imagem foi perfeitamente absorvida pelos consumidores e, nesse contexto, com já bem mostrou o antropólogo Roberto Damatta em muitos de seus artigos e entrevistas sobre o assunto, há pouco lugar para o interesse público. Carros mais econômicos são uma necessidade (e uma possibilidade) e que o exemplo da FIAT tornando seu velho Uno Mille mais econômico seja seguido, como uma evidência que pode haver atenção aos impactos sociais e ambientais junto com lucro no setor.
* Doutor
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