06/09/2008

A LEI SECA E A SOLUÇÃO DA SKOL

Eduardo R. Gomes *

Se a Sul América saiu na frente propondo uma solução emblemática para o uso excessivo dos carros (e, conseqüentemente dos danos que eles causam), montando bicicletários nas estações de metrô do Rio, agora é a vez da indústria de bebidas de apresentar soluções às restrições legais ao uso excessivo do álcool através de bebidas alcoólicas com o que chamaram do “motorista da rodada”, inventado pela SKOL.


Trata-se de um comercial em que um indivíduo que não bebe cerveja, quando os demais estão bebendo, para levá-los para casa sem estar alcoolizado, portanto, sóbrio, em segurança. De uma figura zombada, o personagem passa orgulhosamente a rei. A proposta do filete não poderia ser melhor concebida e apresentada, denotando uma preocupação desta empresa com a responsabilidade social de produzir e vender bebidas alcoólicas, cujo consumo, certamente não combina com dirigir veículos.


A chamada Lei Seca provocou uma série de discussões, que pareciam tender para um certo “autoritarismo” que ela conteria, para uma idéia de inviabilidade prática dela ser aplicada, para uma injusta queda de faturamento que ele casaria, entre outros malefícios deste dispositivo legal que, por outro lado, poderia combater uma boa parcela das nossas 35.000 mil mortes anuais no trânsito.


Poucos pensaram que a Lei poderia “funcionar” e, mais que isso, poderia ser incorporada pela sociedade brasileira, como parece estar sendo, seja pelos produtores, como a SKOL, seja pela população em geral: temos que nos surpreender com o fato que menos de 15% de motoristas parados por serem suspeitos de estarem dirigindo alcoolizados recusam-se a fazer o teste do bafômetro. Nada mais precisa ser dito a esta altura.



* Doutor em Ciência Política pela Universidade de Chicago, Professor de Responsabilidade Social do MSG/LATEC, UFF - email: gomeduar@gmail.com





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